Se em ti me perco
em suas nuances
é a força do olhar
marrom cortante
Se em ti me vejo
um sorriso de soslaio
atiça o desejo
de ser meu contrário
Na pradaria da tua
Alma banhar-me
a revelia, cantar-te
no coro do dia
Na efusão da luz branca
sugar as cores todas e
distribuí-las poucas
em teu colo de criança
Se meu corpo enfeitiça
me movo na dança,
faz de mim a cortiça
de seu vinho da França
Na cauda de um cometa
mostrei-te o potencial
de não ser breve:
o cometa virar Sol.
Se o reggae que irrompe
faz brotar o horizonte
de uma margarida nova
do pôr-do-sol à aurora
A bruma leve chora
nosso amor contingente
no limite negligente
Que diz: é Hora.
A lua cálida remete
um som do nordeste
Que nos rouba nos
furta – quanta luta
Se te vejo assim excitante
É teu olhar lebre sagaz
a contornar todo meu ar:
quanto suspiro delirante!
Se no jardim que cultivas
o mato verde avança
não pode as roseiras vivas
que contém a esperança
Se bem do meu lado
ver a abertura do real
retorce teu rebolado
e irrompa no total
Os namorados todos
vêm e se vão: tolos
Somam e subtraem
tabuadas irreais
Cálidas são as noites
saudade
quando longe
tua face
Inverno que geme
onipotente
sua graça ausente
no sol do meu poente.
Mas pelo verão do ato
aguardo desesperado
seu olhar cortante
seus dentes sorrindo
Me dizendo como é
lindo nosso amor
que arde mas não passa
que passa mas como uva
mantendo-se no vinho
que Baco serviu Platão
na nossa filosofia de plantão
regada à cachaça.
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