Poesia que de tão brasileira é rueira

Se em ti me perco

em suas nuances

é a força do olhar

marrom cortante

Se em ti me vejo

um sorriso de soslaio

atiça o desejo

de ser meu contrário

Na pradaria da tua

Alma banhar-me

a revelia, cantar-te

no coro do dia

Na efusão da luz branca

sugar as cores todas e

distribuí-las poucas

em teu colo de criança

Se meu corpo enfeitiça

me movo na dança,

faz de mim a cortiça

de seu vinho da França

Na cauda de um cometa

mostrei-te o potencial

de não ser breve:

o cometa virar Sol.

Se o reggae que irrompe

faz brotar o horizonte

de uma margarida nova

do pôr-do-sol à aurora

A bruma leve chora

nosso amor contingente

no limite negligente

Que diz: é Hora.

A lua cálida remete

um som do nordeste

Que nos rouba nos

furta – quanta luta

Se te vejo assim excitante

É teu olhar lebre sagaz

a contornar todo meu ar:

quanto suspiro delirante!

Se no jardim que cultivas

o mato verde avança

não pode as roseiras vivas

que contém a esperança

Se bem do meu lado

ver a abertura do real

retorce teu rebolado

e irrompa no total

Os namorados todos

vêm e se vão: tolos

Somam e subtraem

tabuadas irreais

Cálidas são as noites

saudade

quando longe

tua face

Inverno que geme

onipotente

sua graça ausente

no sol do meu poente.

Mas pelo verão do ato

aguardo desesperado

seu olhar cortante

seus dentes sorrindo

Me dizendo como é

lindo nosso amor

que arde mas não passa

que passa mas como uva

mantendo-se no vinho

que Baco serviu Platão

na nossa filosofia de plantão

regada à cachaça.

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