A poesia é (I) não-mimética ou (II) mimética.
(I) A poesia não-mimética divide-se em (A) histórica, (B) instrutiva. (B) A poesia instrutiva é dividida em (1) didática, (2) teorética.
(II) A poesia mimética divide-se em (A) narrativa, (B) dramática e [diretamente] apresentando a ação. (B) A poesia dramática, ou que apresenta [diretamente] a ação, divide-se em (1) comédia; (2) tragédia, (3) pantomima, (4) sátira-dramática.
A tragédia remove às emoções temerosas da alma através da compaixão e do terror. E [ele diz] que seu objetivo é o de produzir a devida proporção de medo. Há angústia por sua mãe.
A comédia é uma imitação da ação que é ridícula e imperfeita, de suficiente duração, [em linguagem ornamentada,] os vários tipos [de seres ornamentados] [encontrados] separados nas [várias] partes [da peça]; [diretamente apresentados] por pessoas agindo, e não [dadas] através da narrativa; através do prazer e do riso efetua à purgação das emoções similares. Sorri para sua mãe.
O riso surge (I) da dicção [= expressão] (II) das coisas [= conteúdo].
(I) Da dicção, através do uso de –
(A) Homônimos
(B) Sinônimos
(C) Loquacidade
(D) Parônimos, formados por
(?1) adição e
(?2) recorte
(E) Diminutivos
(F) Perversão
(1) pela voz
(2) por outros meios similares
(G) Gramática e sintaxe
(II) O riso é causado pelas coisas –
(A) Pela assimilação, empregada
(1) para o pior
(2) para o melhor
(B) Pelo engano
(C) Pelo impossível
(D) Pelo possível e inconsequente
(E) Pelo inesperado
(F) Pela degradação dos personagens
(G) Pelo uso da dança cômica [pantomímica]
(H) Quando alguém entre aqueles que têm o poder, negligenciando às coisas maiores, ocupa-se das mais ínfimas
(I) Quando a história é desconexa, e não tem sequência
A comédia difere do insulto, pois o insulto abertamente censura às más qualidades pertencentes [aos homens], ao passo que a comédia requer a chamada ênfase [? Ou ‘insinuação’ {NT: innuendo}].
O palhaço jogará com as faltas da alma e do corpo.
Como nas tragédias deve haver uma proporção adequada de medo, também nas comédias deve haver uma adequada proporção de risos.
A substância da comédia consiste em (I) enredo, (2) ethos, (3) dianoia, (4) dicção, (5) melodia, (6) espetáculo.
O enredo cômico é a estrutura que conecta os incidentes cômicos.
Os personagens [ethe] da comédia são (I) os bufões, (2) os irônicos, e (3) aqueles dos impostores.
As partes da dianoia são duas: (A) opinião e (B) prova. [Provas (ou ‘persuasões’) são de] cinco [tipos]: (1) juramentos, (2) pactos, (3) testemunhos, (4) torturas [‘testes’ ou ‘suplícios’], (5) leis.
A dicção da comédia é a linguagem comum, popular. O poeta cômico deve dotar seus personagens com seu próprio idioma nativo, mas deve dotar um estranho com um idioma estranho.
A melodia é província da arte da música, e assim é preciso tomar suas regras fundamentais desta arte.
O espetáculo é de grande vantagem para os dramas ao suprir o que está em acordo com eles.
Enredo, dicção e melodia são encontrados em todas as comédias, dianoia, ethos, e espetáculo em poucas.
As partes [quantitativas] da comédia são quatro: (I) prólogo, (2) a parte do coral, (3) episódio, (4) êxodo. O prólogo é aquela porção da comédia que se estende até a entrada do coro. A parte do coral [choricon] é uma música pelo coro quando esta [a música] é de duração adequada. Um episódio é o que se encontra entre duas músicas corais. O êxodo é a expressão do coro no final.
Os tipos de comédia são: (I) Antiga, com uma superabundância do risível; (2) Nova, que desconsidera o riso, e tende para a seriedade; (3) Média, que é uma mistura das duas.
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