O tempo: essa ponte frágil

A criança a brincar

índio pelado ao luar

encarando o efêmero:

esse sublime tempero

Um sorriso e um semblante,

farol dos olhos, um mirante,

horizonte bronzeado a indicar

a insônia do devir a embalar

Berço imemorial das personalidades

grandeza por detrás de cada vaidade

arquétipo único e sabor diferente

a semear cada qual um continente

E as cheias dos rios, os ciclos da Lua,

a passagem pelos portais, pelas ruas,

Portando energia mágica a vibrar

Uma América do Sul inteira a sonhar

Ali vai o Titanic dos traços humanos,

a arca de Noé destes nossos anos,

a possibilidade simples inerente ao Ser

de abarcar o infinito num amanhecer.

Teus olhos de menina, de menino,

teu coral ensaiado do teu hino,

tsunami a demover Cordilheiras

enxerto a implantar vida alheia

Encravado no ágil e transparente agora

há um arco-íris noturno, no céu, lá fora,

a colorir a praia deserta da memória

Um contínuo vórtice de amores,

som e fúria, sombras errantes,

a esbarrar-se contra os rumos da jornada,

círculos em parábolas desencontradas.

Se abate um inverno frio na alma, ria,

e cante a entoada boa da calmaria,

A impor-se decisivamente,

aurora em seu Sol poente,

Confinando as sensações,

Encarnando as ilusões:

A caneta a singrar

desbravar, liderar,

assinar as tortas linhas das emoções

um relâmpago a clarear os corações

fundindo na alvura do papel

um passe eterno para o Céu.

Forjando a armadura bela,

contra o tempo, essa quimera

a ameaçar-nos constantemente:

O tempo, essa ponte frágil da mente.

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