Ler a Ilíada daqui do Brasil
remonta um antigo ardil
em Ílion, longínquo litoral
e o vir-a-ser hodierno marcial.
A Guerra era modesta
nobreza, aretê, disputa
hoje há só filhos da puta
debatendo-se por moedas.
Quão grande é meu gigante Verde-louro e Azulado?
Onde estão a paz do futuro e a glória do passado?
Pois que não chega, entre a dúvida e a certeza,
seguirá a melodia das Harpas, das tristezas
transformadas pela alquimia da alma
num ballet russo que rodopia e salta.
Se tuas pernas são belas, te sustentas,
dê a elas o ritmo, a ação, as piruetas
Se teus braços inundam tudo,
puras cataratas de mil afazeres
dê a eles o trabalho nada reles
de rabiscar o estado do mundo.
Haverá um momento nesse país
onde a fome pelo saber há de vir
A ditadura que impõe o material
converta-se, dilua-se no ideal
Que seja apenas Aquiles, na Ilíada, que mata
E não as mãos vermelhas dos nossos camaradas
E que nossa febre se espalhe
contagiando cada detalhe
remodelando os entalhes
E adentremos as câmaras secretas
Com tochas flamejantes e setas.
Que saiam da frente os inimigos,
Enquanto instituímos os infinitos.
E que no rosto haja o sorriso
eivando de paz o destino vil
retraçando as rotas do navio.
Do ponto de partida ao de chegada
Haverão incontáveis arquibancadas
Para os que desistirem da batalha.
Assim o dividir para conquistar
tanto quanto as Sereias a desfilar
Serão apenas modos de contar
Sol poente desnudando o luar
O desejo presente,
de ser novamente
a corrente contínua,
o motor da vigília.
O que não foge a luta
pela arte – destarte
O arauto e a égide
Que abusa, é letra
alfabeto secreto
sempre aberto
saindo do texto
pretexto
reforma
momento
transcrição
sonho
de plantão
que é sim
não é não.
Replique