Apenas muito raramente os personagens da literatura podem ser equiparados em saber, profundidade de análise e capacidade de amar. Emergir da Divina Comédia do cotidiano com uma fagulha de sapiência, a precisão do cálculo e a imensa moralidade de ser condigno a todos, são dádivas dos mártires, líderes espirituais e xamãs dos quatro cantos do mundo.
Talvez nesses três conceitos: sabedoria, cálculo divinatório e o contínuo e irresistível interesse por aquilo que é humano, que se chamou de amor, estejam três das coisas mais belas que grassam entre as selvas da vida.
Cada uma dessas categorias aponta para uma das três dimensões correspondentes do tempo:
A sabedoria é passada,
testada, exilada,
está coberta de néctar
é o antigo que vela,
nos livros, nas vielas,
união de sonhos distintos
na forja dos anos contínuos.
O cálculo funda o presente
é a própria mente consciente
o raciocínio sempre latente
característica previdente
É o Maquiavel em cada um
que é de todos e de nenhum.
O amor é pelo futuro apaixonado
busca sempre alguém ao seu lado
tem a convicção que o amanhã
é reflexo do espelho de cada manha, cada manhã.
É raro ser o prisma
que une as perspectivas
futuro, passado, presente
carregados na alma potente.
Contente mesmo é ser a história,
viver o amanhã da memória
ensopada com gotas de glórias.
E se me perguntarem sobre o Xadrez?
Eu começaria pela ordem, de uma vez:
das experiências, dos amigos de outrora
componentes fundamentais do agora.
Depois contaria desses Jogos Abertos, em Bauru.
Como não poderiam ser jogos, se jogamos?
E foram abertos para tudo que engrandece.
E então eu pousaria no ideal de futuro
de todo aquele que joga: sonho seguro
pelo melhor lance, movimento e deliberação
nota harmônica do samba do Cosmo, da canção.
Característica básica da finitude embriagada de infinito.
E assim Deus fez Mário Biava nascer,
ou este fez aquele num amanhecer?
O que conta é que alguns são o Sol
onde resvalamos seu brilho sem igual.
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