Pensar em outra língua,
obnoxious invasion
of my lake, my ocean.
I don´t want to say this in Português
Irmãos na Língua: congregai!
knowledge and capacity
to build the wall of justice
I don´t want to say isso em Português
Deixa o fardo triste, levanta!
There is a world, we wanna
engraft peace in everyone
like a beach in the summer
Eu não quero say this in English
Portuguese´s the father
English´s the mother
Addicted mother´s love
There is nothing estranho about this!
Eu não quero falar isso em English!
Yeah! Ok. Maybe I could dominate my inner thoughts,
but let me free quando eu mergulhar no convívio,
nas bizarras alteridades, nos outros, que não me fazem
sentido quase algum.
I don´t want! Não! Me deixe!
Eu não quero!
But I can.
Perhaps my country could come with me
English as an official language?
Por que não?
Vai ficar preso num discurso ressentido?
Não conseguimos?
É um acrescento!
Razão lusa de brilho ofuscante, afugente o eclipse que insiste!
Forjar o Quinto Império Português, Brasil?
Isso é um call to action.
We could be feared
not because of our army
but because of our arms
our brains!!
Nós temos um cérebro!
Por mais absurdo que isso soe, nós temos cérebro!
Deixando isso de lado, permita-me contar-te a história de Basalto:
Havia um menino no interior do Brasil que sempre amou pássaros, desde sua primeira lembrança de infância. Todos o conheciam pelo apelido carinhoso de Basalto. Vivia todos os dias olhando para cima, para o alto, para contemplar as cores, o porte, e, principalmente, buscava distinguir com perfeição o canto de cada pássaro da sua região. Pardais, Rolinhas, Sanhaços, Sabiás, Gaviões, Asas-Brancas, Canários, Bicudos, Curiós, Carcarás, Bicos-de-Lacre, Beija-Flores. Mas seu fascínio maior, eu bem lembro, era com os Tizius. Talvez por darem aquele pulo característico, todas as vezes que cantavam seus cantos de saudades estridentes.
Um dia, observando um tiziu a cantar e a saltitar, Basalto pôde sentir uma gramática por detrás daquele canto singular, pôde intuir um vocabulário e regras fonéticas. Conforme os dias sucediam-se, o menino atento foi desvendando às unidades semânticas em repetição, acompanhando diálogos e palestras dos Tizius em assembleia. Então, depois de alguns anos, pôde concluir um magnífico dicionário do idioma dos Tizius, que chamou de Tizilez.
Todos os dias participava da revoada dos Tizius, assoviando verbos e adjetivos, concordâncias e apostos. Sentia-se pleno ao expressar-se numa língua que considerava da própria Natureza. Nunca me esquecerei da minha curiosidade em perguntar-lhe o que diziam aqueles agitados tizius.
Hoje, mais de duas décadas passaram-se desde a publicação do Dicionário de Tizilez. Basalto, sobrevivente rochoso das avalanches da vida, anda triste. Não há mais tizius em seus arredores, aquela grande civilização alada passou no tempo, assim como os Maias e os Incas também passaram.
Todo dia, sozinho, Basalto canta alto no topo das montanhas, esperando por um dueto que, infelizmente, não ocorrerá. Eu o vejo da minha janela pequena, eu vejo alguém enjaulado dentro de si.
Replique