Ao Marco e ao Edmur, como prova de amizade eterna, e para todos que forem ao Sarau. Peço licença para também participar, em espírito concreto tecido de palavras vacilantes.
Vinte e Seis de Maio, num Portugal que desmaio,
Se uma gota de lágrima desce, é porque hoje a noite não perece,
Ah meu papuça, não há só gaivotas no céu enquanto lês estas linhas, o vosso cheiro me relembra nossas vinhas,
Embriago-te Ó Senhora das Póvoas, para que abenções com teu véu virginal
as invocações nossas,
Eu sou aquele que tu não vês, talvez eu seja o teu revés,
Se uma gota de lágrima desce, é porque hoje a noite não perece,
Sou o sonho de Portugal, vosso Brasil natal,
Sedento para que vomites minhas iras, sou o copo que tu viras,
Amanheço sujo no vento, assim eu me sustento,
Se me encontrares dou-te uma surra, de palavras tão belas que tu urras!
Se uma gota de lágrima desce, é porque hoje a noite não perece,
Serenas são as angústias que lambem nossos paus, sou comandante capitão das minhas próprias naus,
Vós sois os sóis todos, porque dei-vos essa glória, aproveite bem esse presente, senão vos mando embora,
Parto para engolir, o que não querem dividir,
Amigos brotam como sementes, mas aqueles que não voltam estão doentes.
O país verde-amarelo necessita-nos: Dos que são belos. Dou-te o martelo!
Se não formos quem irá? A revolução é pra já!
O que falta senão a rega? Congrega!
O que sois senão fortes? SOMOS FILHOS DA SORTE!
Se uma gota de lágrima desce, é porque hoje, Hoje, HOJE, a noite não perece,
Olhe nos olhos do que grito, eu sou o interdito!
Revelo-te a chama que não queima, para encontrares as sereias!
Os dias passam e o fado, o destino vem alado!
Se uma gota de lágrima desce, é porque amo-te desesperadamente enquanto amanhece!
Sou o filho da aurora, vem que te dou essa amora,
És o meu espelho onde me vejo, imerso num azulejo,
Sombra da liberdade conquistada, contínua sopa letrada,
Eu sou a molécula que vês, na face de quem me lê,
Vou despedir-me de ti chorando, nossas almas se vão tocando…
Espero ver-vos em breve, assim como um floco de neve.
Se uma gota de lágrima desce, é porque a fruta dos nossos sonhos amadurece.
E retornas poeta de além-mar. Abençoada seja a Lusitânia. Declino-me em reverência diante da Força.