São Paulo, Uma romã de romance. Por Rafael Arturo Bandini.

Apavora-me as tamanhas possibilidades que se me apresentam. Queria dar de ombros, deslocá-las como não tendo a ver comigo. O que me tange, é tão variável. O escopo abarca juras de amor ao léu à possibilidade bem concreta de fazer romances proféticos ou míticos que, sobretudo, me agradem. Você precisa se recompor, Rafael. Nós precisamos adentrar por terrenos apagados, onde só nossa luz natural pode guiar o caminho. Ontem a noite um vaga-lume sem rumo bateu ininterruptamente na minha janela, me acordando de um sono profundo. Invadindo meu quarto ziguezagueante ele parecia gritar: Arturo Bandiiiiiini! No dia seguinte decifrei a mensagem. Serei um grandioso escritor! Como Arturo Bandini, que escreveu O Pequeno Cachorro Riu. Quando esse tipo de iluminação ocorre na vida de alguém, deve-se saber que é para valer. A partir desse momento, sabia que era hora de associar meu nome ao da Grande literatura mundial. Eu, Rafael Arturo Bandini. Imediatamente preparei os primeiros passos para o estrelato.

Comecei a ler as Aventuras de Huckeberry Finn, A Ideia de Justiça e outros, tudo para alcançar com magnificência a finalidade de toda a minha vida, que agora vislumbrava. Acendi um cigarro, como Arturo, pensando por entre as espirais quando chegaria o dia de receber meus primeiros contratos! Que tipos de envelopes as grandes empresas remeteriam a mim? Para o Sr. Escritor, Rafael Arturo Bandini, Saudações Cordiais. Posicionei meu instrumento de trabalho, um pequeno (ainda) computador em vários cantos distintos da casa, em busca do que parecia o ponto energético ideal para o fervilhar pulsante de ideias vitoriosas que meu cérebro vomitaria. Ah! saí para caminhar somando, em pensamento, vários recursos estéticos nunca antes sonhados, com vistas de enredar meu leitor, de o fazer se apaixonar pelo grande escritor que um dia serei. Primeiramente não faria parágrafos. Oratio Perpetua, já chamavam os latinos. Grandes Latinos. Depois pensava em algo mais contemporâneo e dadaísta, que frag

men

ta

sse

o

di

scur

so

e

deixa

sse-

me

livre

das

coerções

das

linhas

fazendo

o

leitor

dançar

conforme

minha

maravilhosa

música

Eu sabia que eram ideias poderosas, reservei-as. Logo meu cérebro autor compunha outro recurso estilístico. Ogla selpmis, sam ed ednarg açrof airótaro, euq airaf o rotiel redneerpmoc euq ila aivah mu ednarg rotircse, rotircse ovitairc, moc seredop esauq seralucaro me radnevsed a azerutan anamuh a odnuf. Pensei em fazer um grande livro todo ao contrário. Rafael Arturo Bandini, o do contra, o subvertedor da natureza por profissão! O segredo da minha grande literatura? Escrever as obras primas sem dormir, ter em conta uma cidade grande, que dedicarei o livro em sua memória. Talvez seja São Paulo, Pode ser  São Paulo, Deve ser São Paulo!, já que conheço cada quebrada daquela terrinha indócil. Bravio, São Paulo. Te dedicarei meu primeiro e mais imenso livro já cantado por um dos teus. Ficarás lembrada, São Paulo!, por mim, Rafael Arturo Bandini. Mas para que isso, Rafael?. Deixa fluir sua literatura, sem querer por demasia. Já não te falei para pairar a meia altura? Eu não quero saber, que outras partes da minha digna e passional mente não queiram se sobrepor ao desígnio que entendi nas palavras daquele vaga-lume rompante. Ah! O objetivo que tenho em mente então é o seguinte, e que o seguirei à risca, sem hesitação:

9 horas de trabalho deitado olhando o céu e vendo o passar das nuvens, rosas aparecem no jardim que se abrem e fecham durante o dia, ou a noite. Café misturado com chá e remédios para dar o tempero alecrim-tomilho. Imersão vocabular, confabular no objeto sistêmico com fins de ser ultrajado pela minhas mãos certeiras. Paulistanos!: entrevistá-los, todos. Colher as informações de trabalho em diários ultrapapers, daqueles que levo para a aula. Reservar. Pinturas rupestres das ruas paulistanas: Fotografar. Claro, todas. Analisá-las de soslaio, pra ver se tem alguma que choque o grande juízo estético de Rafael Arturo Bandini. Reserva. Toponímia: sim caro leitor, um romance que cante São Paulo deve fazer jus a cada esquina escaldante daquele turbilhão de fatos sem sentido. Escrever o nome de cada rua em papel sulfite A4. Reserva.

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